usa_verde.jpgSeattle – Ao longo da sua existência, os Estados Unidos caíram, levantaram e sacudiram a poeira dezenas de vezes, transformando-se não só no país do futuro, mas no país que inventa o futuro. Agora que a gasolina beira os quatro dólares, o que faz o americano tirar do bolso às vezes mais de 100 dólares para encher o tanque, a nação responsável por quase metade do PIB da Terra – e por isto mesmo a maior poluidora do mundo – mobiliza-se para reduzir o seu rastro de destruição na natureza.

A edição do The New York Times Magazine da semana passada, chamada de Low Carbon Catalog, numa alusão às dietas de baixa caloria, traz quase uma centena de lucrativas inovações verdes made-in-America. A melhor delas? Três empresas californianas que estão alugando caros e super-eficientes (US$ 40 mil em média por casa) painéis solares que podem ser instalados nas residências sem a ajuda de técnicos. O modelo de negócio é comparado ao que aconteceu com o setor de telefones celulares, cujos proprietários hoje “não precisam pagar 10 mil dólares pelo aparelho, ou mesmo construir, manter e reparar a rede de telecomunicações”.

O país hoje funciona à base de um termômetro chamado preço de petróleo. Quanto mais sobe o preço do barril (já chegou a mais de 120 dólares), mais a corrida verde se intensifica. No melhor estilo “a necessidade é a mãe da inovação”, dezenas de venture capitalists que ganharam as burras na virada do século hoje investem em carros que fazem 300 milhas com um galão de gasolina, ou em academias de ginástica que literalmente tiram energia dos próprios atletas que utilizam as bicicletas ergométricas gerando iluminação ou calefação.

O mais interessante, no entanto, são as iniciativas do poder público. Reynolds, uma sonolenta cidade de Indiana, estava destinada a sumir do mapa, mas descobriu que poderia aproveitar a energia do cocô de mais de 150 mil porcos criados num raio de 15 milhas do centro do município. Com a ajuda da empresa Biotown, foram investidos cerca de 15 milhões num digestor que hoje provê metano, gás sintético e biodiesel. Em outras palavras, toda a energia que a cidade precisa vem da “porcaria”, gerando empregos e atraindo empresas.

Pode-se duvidar da viabilidade dos milhares de projetos verdes que nascem em todas as direções no país da inovação, mas quando se vê os grandes se mexerem a coisa muda de figura. Acredita-se, por exemplo, que o mercado de troca de carbono, no qual muita gente já está ganhando dinheiro, vá chegar a US$ 1 trilhão daqui a poucos anos. Daí a razão de bancos de investimento, empresas de energia, e até os chamados fundos de hedge, nomes de peso como GE, Goldman Sachs. JP Morgan e Chase, estarem lutando por este mercado.

Após entrarem numa guerra fratricida, exportarem empregos para países de mão-de-obra barata, passarem pelo furacão do governo George W. Bush, ainda ameaçados pelo poderia chinês, os Estados Unidos olharam para os lados de descobriram que, através do verde, tentarão de todas as formas se manterem como a maior potência mundial.

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