mansao.jpgSeattle, Estados Unidos – Se você quer morar nos Estados Unidos, adora o clima das montanhas e tem dinheiro sobrando no bolso, aqui vai uma oportunidade única: o corretor Joshua Saslove acaba de colocar à venda o que vem a ser casa mais cara do mundo, em Aspen, Colorado, por US$ 135 milhões, sem descontos.
A mansão de 17 mil metros quadrados, um pouco maior que a Casa Branca, tem 15 quartos, 16 banheiros, salão de beleza (ao lado da suíte máster) e, segundo mediu o The New York Times, espaço suficiente para uma festa de 450 pessoas. São necessários 12 empregados para cuidar do bangalô.
O rancho Hala, que significa bem-vindo em árabe, pertence ao polêmico príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Bandar bin Sultan bin Adul Al Saud, ex-embaixador nos Estados Unidos de 1983 a 2005 e hoje secretário geral do Conselho de Segurança Nacional. Ele é filho bastardo do prínce Sultan bin Abdul Aziz e amigo íntimo dos Bush, pai e filho.
Bandar, que tem oito filhos, fez o seu refúgio de 39 hectares em Aspen com o dinheiro de sua herança e, mais ainda, com os lucros que obteve intermediando compras de armas britânicas pela Arábia Saudita nos valor de US$ 80 bilhões, incluindo mais de 100 caças. O dinheiro ajuda a pagar pela gasolina do seu jato Airbus A 340.
Mais de mil pessoas, muitos deles pertencentes ao grupo de 943 bilionários existentes hoje no mundo, segundo a revista Forbes, já se inscreveram para visitar a mansão, mas somente 11 o fizeram até agora. Se você estiver interessado em vê-la, mas não tem tempo de ir a Aspen, há fotos disponíveis no site:

www.christiesgreatestates.com/properties/view_13243/

Segundo Joshua, seu trabalho básico é dizer “não” aos pretendentes que não têm tanto dinheiro assim para comprar a mansão.
Hala é o ponto máximo da chamada “bolha” habitacional que vem elevando os preços das casas nos Estados Unidos a níveis exponenciais desde o estouro de outra “bolha”, a da Internet, em 2001, quando os investidores ficaram mais ariscos e resolveram se salvaguardar comprando residências com juros de pai para filho, de 1 a 6% ao ano, sob as bênçãos do presidente do Banco Central americano da época, Alan Greenspan.
A mania de comprar casas, que as pessoas acreditam ser um bom investimento (e é, mas somente pela especulação dos preços), faz com que atualmente, segundo o governo norte-americano, cerca 70% da população seja dona de residências, com pagamentos mensais médios de US$ 1.687, cerca de duas vezes mais o preço médio dos aluguéis no país: US$ 868 por mês.
O preço médio de uma casa nos Estados Unidos, segundo a Associação Nacional dos Corretores, está em US$ 206 mil, um aumento médio de 15% sobre o ano passado e 55% sobre os últimos cinco anos. Se você comprou aqui uma casa em 2002, provavelmente obteve 275% de retorno no seu investimento, o que deixa as bolsas de valores no chinelo.
Por isto boa parte dos proprietários entra na onda de refinanciar suas casas. Somente em 2004, fizeram mais de US$ 139 bilhões com estes refinanciamentos. 35% do dinheiro foi para fazer melhorias nas próprias casas, 16% em compras diversas e 26% para pagar antigos débitos, principalmente de cartão de crédito, como revelou a revista Time.
Na opinião de muitos economistas, o mercado residencial foi e é a salvação da lavoura para os Estados Unidos depois do estouro da bolha ponto com. Desde o início deste século é uma espécie de corrida do ouro onde todo mundo pode ficar rico se tiver um pouco de dinheiro (pelo menos 10 mil dólares) e espírito empresarial. É difícil encontrar alguém que não esteja envolvido com o setor, que não seja construtor, agente, corretor, financiador, remodelador etc.
Todo mundo adverte que a bolha vai estourar a qualquer momento. E que, com os preços das casas voltando aos patamares civilizados, pessoas que contraíram empréstimos para comprá-las, mesmo sem garantias reais, como no chamado mercado secundário, estarão de uma hora para outra com débitos que não poderão ser honrados. A bola de neve, segundo os economistas, pode causar um estrago de proporções astronômicas no país.

*Pedro A. L. Costa dirige a Cia. da Informação nos Estados Unidos. [email protected]

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